
A demanda por grãos americanos tem sido um ponto de atenção no mercado global, especialmente à medida que os números de exportação dos Estados Unidos para soja e milho apresentam variações em relação aos anos anteriores. Enquanto as vendas semanais de soja mostram sinais de recuperação, as exportações americanas continuam abaixo dos níveis históricos. Por outro lado, o milho americano tem mantido um desempenho mais estável, superando as expectativas dos últimos dois anos. Neste artigo, exploramos o cenário atual e as perspectivas para os principais grãos americanos, com base nas análises da Agrifatto.
Soja: Exportações Abaixo do Esperado
Apesar de um leve crescimento nas vendas semanais de soja, as exportações americanas seguem enfraquecidas. Até a semana encerrada em 12 de setembro de 2024, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou vendas de 1,748 milhão de toneladas de soja para a temporada 2024/25, superando as estimativas de mercado. No entanto, isso não foi suficiente para impulsionar os preços de forma significativa.
No mercado brasileiro, a queda do câmbio — com o dólar cotado a R$ 5,41 — e a maior oferta interna da commodity têm pressionado os preços. Em Paranaguá/PR, a soja fechou a R$ 137,54/saca, refletindo a influência do câmbio e da oferta abundante. Nos mercados futuros, o contrato novembro/24 (ZSX24) na Bolsa de Chicago (CBOT) recuou 0,07%, fechando a sessão de 19 de setembro a US$ 10,13/bushel.
Milho: Estabilidade e Competitividade
No mercado de milho, a situação é um pouco diferente. Os preços no mercado físico em Campinas/SP mantiveram-se estáveis em R$ 62,30/saca, com um equilíbrio entre compradores e vendedores. Mesmo com a pressão negativa da taxa de câmbio e da queda nas cotações em Chicago, os futuros de milho na B3 apresentaram ganhos no dia 19 de setembro. O contrato novembro/24 (CCMX24) valorizou-se 0,95%, encerrando o pregão regular a R$ 66,93/saca.
Já na Bolsa de Chicago, o milho teve um desempenho inferior, com quedas superiores a 1% nos contratos futuros. O contrato dezembro/24 (CZ24) recuou 1,70%, fechando a US$ 4,06/bushel. Esse movimento foi influenciado pela competitividade dos cereais da Ucrânia e Rússia, que têm mantido preços mais baixos, além do relatório do USDA que mostrou vendas de milho dentro da faixa esperada para a temporada 2024/25.
Boi Gordo: Pressão Altista e Ajustes no Mercado
O mercado físico do boi gordo continua a enfrentar uma forte pressão altista. Em Minas Gerais, o preço da arroba subiu 2,46%, fechando a R$ 254,51/@. Na B3, os contratos futuros também seguiram em alta, com destaque para o vencimento dezembro/25, que registrou um aumento de 1,20%, fechando a R$ 274,35/@.
Esse movimento reflete um cenário de oferta limitada de gado terminado, o que tem forçado os frigoríficos a ajustar seus preços para compensar o aumento nos custos da matéria-prima. Mesmo com uma demanda estável, a escassez de oferta tem mantido os preços elevados no mercado doméstico. A carcaça do boi castrado, por exemplo, permaneceu estável, cotada a R$ 17,50/kg.
Perspectivas para o Mercado de Grãos
A demanda por grãos americanos, especialmente soja e milho, pode reagir nos próximos meses, mas há desafios no horizonte. A competitividade dos cereais de outros países como Ucrânia e Rússia, além das variações cambiais, continuam a pressionar os preços. No Brasil, a valorização do real em relação ao dólar também tem impactado as cotações domésticas, especialmente no caso da soja.
Para o milho, o cenário é mais estável, com o mercado físico se mantendo equilibrado e os futuros apresentando ganhos na B3, refletindo a sustentação dos preços domésticos. No entanto, a pressão externa, especialmente com a boa competitividade dos cereais do Leste Europeu, pode limitar os ganhos futuros.
Considerações Finais
O cenário para os grãos americanos segue desafiador, com variações nas exportações e pressão competitiva no mercado global. Enquanto a soja luta para recuperar seu ritmo de exportação, o milho tem mostrado uma maior resiliência, tanto no mercado norte-americano quanto no brasileiro. Para os produtores, a chave será acompanhar de perto as tendências globais e ajustar suas estratégias de comercialização conforme as condições de mercado evoluem.
Para mais análises e informações detalhadas sobre o mercado agropecuário, continue acompanhando o blog O Agro Tem Voz.
Fonte: Agrifatto
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